quinta-feira, 26 de março de 2015

“Mameluco maluco ou Cafuzo confuso” (Raça e Etnia)

Raça e Etnia

    Nesse encontro em que o tema “Raça e Etnia” foi discutido vimos através de dados históricos a difícil relação entre pessoas de diferentes raças e etnia em todo o mundo, citado em nosso debate pelo professor Luiz Alex Silva Saraiva quando diz que países europeus que se dizem “raça pura” e demonstram preconceito contra países vizinhos pela mistura de rasas que desde a época das grandes navegações se misturavam principalmente com negros e índios, essa fala também nos fez remeter como era aprendido em nossas escolas no ensino fundamental quando se falava das misturas raciais aprendemos que participam da formação do povo brasileiro pessoas da raça branca, vindas da Europa; da raça negra, trazidas da África; e da raça amarela, os indígenas nascidos no Brasil. A miscigenação é intensa desde o início da colonização. O pequeno número de mulheres brancas entre os colonizadores portugueses os leva a se relacionar com índias ou escravas negras, muitas vezes à força. Essa miscigenação dá origem a outros tipos raciais como o mulato, originado da miscigenação do branco com o negro; o caboclo ou mameluco, originado da miscigenação do branco com o amarelo; o cafuzo, originado da miscigenação do negro com amarelo. Os povos que vem mais tarde para o Brasil, apesar de terem em muitos casos permanecidos em comunidades fechadas, também se miscigenam.
     Trazendo essa questão para nossa realidade atual abordando a polemica das cotas raciais, eu enquanto profissional trabalho como professor do ensino médio e técnico, ao requerer junto ao estado minha licença para lecionar ao fim da entrega dos documentos solicitados a atendente me apresentou um questionário onde o principal questionamento era  se eu era a favor da cota para negros nas universidades, as perguntas foram feitas pela atendente que marcava no folha minhas respostas sem que eu pudesse responder de forma anônima, suas expressões não verbais e a forma manipulativa com que perguntava deixava bem claro que ela era a favor sendo ela uma pessoa negra, Fiquei constrangido ao responder que eu sendo uma pessoa branca e de origem humilde e que tive uma dificuldade muito grande em  cursar uma universidade sou a favor da cota para pobres e como era de se esperar ela questionou minha opinião ou seja a imparcialidade da pesquisa foi no mínimo duvidosa.
      Sai da escola com esse questionamento em mente e descobri através de pesquisa ao site do IBGE que o maior numero de pobres no Brasil e formado de "Pretos e Pardos” como classifica a pesquisa e entendi que a minha opinião no momento da pesquisa na escola não prejudica os negros e inclui os brancos pobres, mas e claro como vimos em nosso debate em aula na apresentação dos colegas, Cláudia Vilas Boas e Felipe Gouveia Pena as opiniões e discussões são muito variadas inclusive entre os próprios negros uns dizendo que a cota e uma forma de racismo e outros defendem que isso e o mínimo que o governo e a sociedade devem fazer em prol dos negros para amenizar as marcas deixadas em nossa sociedade no período da escravidão, e claro esses são apenas parte dos pontos defendidos nos diversos argumentos apresentados por movimentos que defendem a causa dos negros.  

           Em uma pesquisa recente que aponta um numero crescente de morte de jovens negros no Brasil exibida na TV mostra o despreparo de nossa policia em fazer o trabalho de prevenção e não só de repressão e o que ainda e pior a repressão violenta que tem representado a morte de muitos jovens em sua maioria formada por negros, como podemos mudar esse quadro? A culpa e do governo ou de todos nos enquanto sociedade? Quem tem a maior parcela de culpa nas atrocidades que temos visto?           

       A questão e que sendo você ou eu “mameluco maluco ou cafuzo confuso” somos todos uma única raça ou seja humana, não aceitar isso pode nos tornar menos humanos e incapazes de viver em uma sociedade de humanos e como então essa questão pode ser resolvida? Mandar essas pessoas preconceituosas para outro planeta? Acredito que muitas pessoas que sofrem ou já sofreram discriminação gostariam dessa ideia mas a realidade e outra temos muito trabalho pela frente para corrigir e eliminar esse “câncer” do nosso meio!

  
Referências:  


terça-feira, 24 de março de 2015

“Preconceituoso Involuntário” e “Analfabeto de Gênero”

   
  Gênero e Sexualidade      
       Ao ler o blog e discussões em sala com colegas de aula descobri que sou "preconceituoso involuntário", a falta de informação ou o desejo de busca-la pode fazer de nos "analfabetos de gênero" incapazes de viver em uma sociedade tão diversa sem excluir os que aos olhos ignorantes são "diferentes"! Mas como discutido em aula o que e “normal” e o que e “diferente”? Em nosso meio social no convívio diário com pessoas diferentes e com  formas diferentes de ver um ao outro aprendemos que aquele que não se parece com alguém do “grupo” ou sociedade e diferente e não e bem vindo nele e isso acontece com uma exclusão velada como vimos no texto que trata do gênero, a falta de convivência com as minorias tem tornado nossa sociedade intolerante  e despreparada para incluí-los.
        Eu pessoalmente como acadêmico e docente e envolvido com trabalhos sociais percebi o meu despreparo em lidar com tais pessoas e por isso usei o termo “preconceituoso involuntário” por não buscar o saber ligado a aos problemas enfrentados por essas minorias para melhor compreende-los. Já o “analfabeto de gênero” vejo no dia-a-dia o despreparo do comercio, oficinas e ambientes de convivência social predominantemente de pessoas sem qualquer preparo ou instrução que não conseguem aceitar a orientação sexual de outras, como se cada um já não tivesse que cuidar de sua própria vida e agora querem cuidar da vida dos outros e o que e pior sem serem convidados para tal tarefa, essas pessoas tachadas de “diferentes” trabalham produzem e consomem e querem o mínimo esperado de todos, respeito e inclusão.
       Como Professor fiquei ansioso em saber como multiplicar esses conhecimentos de forma didática e acessível para o nível escolar de meus alunos e ao ler o artigo da professora Guacia  encontrei dicas valiosas para alcançar meu objetivo, compartilho no blog só a introdução das palavras dela mas ao fim nas referencias podem encontrar o caminho para lerem o artigo completo. 

Educação e docência: diversidade, gênero e sexualidade

Guacira Lopes louro Professora da Universidade federal do Rio Grande do Sul
Introdução
O tema “gênero e sexualidade” geralmente nos fascina, nos provoca curiosidade e está por toda parte. Falar sobre prazer, desejo e amor pode ser ótimo e discutir como se experimentam todas essas coisas quando se é uma mulher ou um homem, quer dizer, discutir se há distinções e aproximações nas experiências ou nas vidas dos sujeitos masculinos e femininos também costuma provocar discussões acaloradas e instigantes; mas, quando temos de encarar esses temas em nossa posição de educadoras e educadores, as coisas parecem se complicar.
Há muito tempo venho estudando e trabalhando com essas questões. Por certo, não faço esse trabalho sozinha, mas juntamente com muitos parceiros e parceiras: com meus colegas do GEERGE (Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero), com estudantes do Programa de Pós-graduação em Educação da UFRGS, com muitos outros colegas e estudantes dos vários grupos e núcleos de estudo que se espalham pelo Brasil e pelo exterior, e com tantas professoras e professores como vocês com quem tenho tido oportunidade de dialogar. Tenho consciência, portanto, de que essas questões são muito importantes para quem trabalha no campo da Educação, muito especialmente para quem lida, cotidianamente, com crianças e adolescentes, para quem se vê desafiado a acolher e dar algum encaminhamento às dúvidas, às perguntas e às situações que essas crianças e jovens constantemente nos colocam.
São muitas as possibilidades de encaminhar uma discussão dessas questões. Apresento a seguir quatro pontos ou aspectos que poderão, mais adiante, ser desenvolvidos ou ampliados.
Em primeiro lugar, parece importante esclarecer como estou compreendendo os dois conceitos centrais desta fala: gênero e sexualidade. Repetidos por todo mundo, nas mais diferentes situações, nas práticas cotidianas, na mídia, na escola, etc., muitas vezes esses termos aparecem juntos, numa indicação de que são dimensões da vida extremamente articuladas. Concordo com isso, mas acho que se pode dizer que entre gênero e sexualidade, mais do que articulações há, muitas vezes, embaralhamentos, misturas, confusões. Não me refiro apenas a indistinções conceituais, como aquelas que alimentam os debates acadêmicos, mas me refiro, talvez de modo mais candente, às indistinções do senso comum – como a noção de que é um “sujeito gay não passa, ao fim e ao cabo, de uma mulherzinha” ou a noção de que é “impossível ser feminina e lésbica” –, noções que acabam por se naturalizar de tal modo que se tornam quase imperceptíveis. Essas noções estão muito arraigadas em nossa cultura e lidamos com elas constantemente em nossas escolas, na nossa família ou, até mesmo, dentro de nós. As consequências políticas de noções desse tipo são demasiadamente importantes para que possam ser desprezadas. Por isso, antes de mais nada, parece-me que vale a pena deixar clara a perspectiva que informa minha fala.Há muito que estudiosas feministas procuram demonstrar a especificidade e, consequentemente, a distinção entre gênero e sexualidade e, ao mesmo tempo, sua estreita articulação. Entre essas estudiosas, o conceito de gênero surgiu pela necessidade de acentuar o caráter eminentemente social das diferenças percebidas entre os sexos. Apontava para a impossibilidade de se ancorar no sexo (tomado de modo estreito como características físicas ou biológicas dos corpos) as diferenças e desigualdades que as mulheres experimentavam em relação aos homens. O conceito levava a afirmar que tornar-se feminina supõe uma construção, uma fabricação ou um aprendizado que acontece no âmbito da cultura, com especificidades de cada cultura. Portanto, as marcas da feminilidade são sempre diferentes de uma cultura para outra; essas marcas se transformam, são provisórias. Inscrevê-las num corpo supõe, também, lidar com as marcas distintivas do seu outro, a masculinidade. Percebe-se, então, que ao falar de gênero estamos nos referindo a feminilidades e a masculinidades (sempre no plural). A potencialidade do conceito talvez resida exatamente nesta noção, a de que se trata de uma construção cultural contínua, sempre inconclusa e relacional.Apesar de algumas resistências, essas ideias já vêm sendo admitidas por muitos. Mas as coisas costumam se complicar um pouco mais quando se trata da sexualidade. Inúmeras pesquisadoras e pesquisadores comentam o quanto parece ser difícil admitir que a sexualidade também é construída culturalmente. A dificuldade parece residir no fato de que, usualmente, se associa (às vezes até se reduz) a sexualidade à natureza ou à biologia. E, quando se assume este modo de pensar, frequentemente, se supõe que a natureza e a biologia constituem uma espécie de domínio à parte, alguma coisa que ficaria fora da cultura. Contrariando essa posição, é interessante lembrar Jeffrey Weeks (1999), um destacado estudioso, que afirma que “as possibilidades eróticas do animal humano, sua capacidade de ternura, intimidade e prazer nunca podem ser expressadas ‘espontaneamente’, sem transformações muito complexas”. E as transformações a que Weeks se refere podem ser entendidas como a linguagem, os jeitos, os códigos, enfim, todos os recursos que usamos para expressar nossos desejos. É inegável que a forma como vivemos nossos prazeres e desejos, os arranjos, jogos e parcerias que inventamos para pôr em prática esses desejos envolvem corpos, linguagens, gestos, rituais que, efetivamente, são produzidos, marcados e feitos na cultura.

REFERÊNCIAS

BRITZMAN, Deborah. O que é essa coisa chamada amor. Identidade homossexual, educação e currículo. Revista Educação e Realidade. Porto Alegre: UFRGS, Faculdade de Educação, vol. 21, n. 1, jan./jun. 1996.
LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, Guacira (Org.). O corpo educado – pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
LOURO, Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade – o “normal”, o “diferente” e o “excêntrico”. In: LOURO, Guacira Lopes; GOELLNER, Silvana Vilodre.; NECKEL, Jane Felipe (Orgs.). Corpo, gênero e sexualidade. Um debate contemporâneo na Educação. Petrópolis: Vozes, 2003.
WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (Org.). O corpo educado – pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

http://formacaodocente.autenticaeditora.com.br/artigo/exibir/9/30/6