terça-feira, 21 de abril de 2015

Origem, classe social e ocupação profissional

O DESAFIO DO “NORDESTINO” NO PAIS DO PRECONCEITO. 
     Hoje e comum viajar para qualquer do pais e encontrar um Nordestino que saiu de sua cidade de origem (essas cidades em sua maioria são as mais pobres da região nordeste) por falta de oportunidade de trabalho, essas pessoas tem como agravante ao preconceito a baixa escolaridade e a linguagem típica do interior que e motivo de “chacota” para os letrados em “gerúndismo” da capital, ao migrarem para as grandes cidades trabalhão em sub empregos sendo explorados com carga horária alta e baixos salários e como consequência vivendo em péssimas moradias e em muitos casos marginalizados por uma sociedade hipócritas para onde migraram.
     A alguns anos trabalhei próximo a uma casa pequena onde cerca de vinte “Paraíbas”(como eram chamados pelos vizinhos) viviam amontoados, esses trabalhadores vinham de sua cidade de origem trazidos escondidos dentro do baú de um caminha carregado redes e tapetes produzidos no interior do nordeste, o dono do caminhão e das mercadorias e um nordestino que explora essa mão de obra barata e sem carteira assinada  ou seja o nordestino pobre e explorado até por um “conterrâneo” de poder aquisitivo maior que também discrimina tal nordestino por não ser oriundo de uma grande capital do nordeste.

      Os “Nordestinos” que anualmente vem para o interior de São Paulo para trabalhar no corte da cana de açúcar na época da safra, dados citados o artigo: “Percepção do preconceito entre os migrantes nordestinos no estado de São Paulo”out 2011 que estudamos e debatemos salientou os inúmeros problemas físicos causados por exaustão em numerosas horas trabalhadas pois o trabalhador e comissionado e sabem que o valor pago e baixo então o esforço para conseguir uma quantia de dinheiro suficiente para ajudar a família faz esse trabalhador cometer tal nível de fadiga ao próprio corpo causando em alguns casos lesões permanentes, atrelado a esse problema vem a discriminação por classe e etnia, em entrevista documentada no artigo a cima citado um dos cortadores de cana diz que “as únicas pessoas da cidade que gostam dos nordestinos são: o dono da “venda”(pequenos comércios que vendem alimentos), o dono bar e a casa de prostituição, todos nos recebem com um sorriso no rosto por interesse em nosso suado dinheiro” outro entrevistado diz que mulheres mudam de lado na rua para não cruzar com nordestino na causada, entre outras formas de discriminação sofridas. A assistente social de um posto de saúde local relatou um numero expressivo de trabalhadores que apresentam sintomas de depressão, estresse e distúrbios ligados a saúde mental causado por motivos diversos mas dados as informações  relatados vemos que a discriminação contribui em grande parte para tal situação.
      Ao relembrar a famosa marchinha de carnaval “o teu cabelo não nega mulata... e como a tua cor não pega, mulata eu quero o teu amor” na época era comum e aceitável tal preconceito, de La para cá não ouve muito progresso ainda e possível encontrar musicas, charges, piadas e shows de stand up que para arrancar gargalhadas do publico detonam os já estigmatizados, gordos, gays, negros e nordestinos. Agora imagine uma pessoa com todas essas características  juntas em nosso pais com tantos preconceitos o caminho mais fácil para tal pessoa e se isolar  e viver se sentido diminuída ou lutar para conquistar seu lugar em uma sociedade dita de “normais”!

      O filme “Madame satã” brilhantemente interpretado pelo ator Lazaro Ramos representa bem quase todos os “defeitos” que nossa sociedade de “normais” rejeita, Madame satã era homossexual, negro e nordestino só faltou ser gordo e para sobreviver aliado a sua personalidade forte era capoeirista (luta africana praticada no Brasil) enfrentava o preconceito e a perseguição e não levava desaforo para casa. Ao pesquisar o tema recordei-me do programa que iniciou no anos 70 e que por mais de 20 anos esteve no ar “Os Trapalhões” onde quatro humoristas sendo um Mineiro (Zacarias), um Paulistano (Dedé), um Cearense (Didi) e um Carioca negro (Muçum), as ditas “piadas” sempre tinham um tom mais sempre tinham um tom mais debochado e discriminatório para o humorista negro e o Cearense os outros eram considerados “normais” como discutido em um seminário acadêmico que participei a maioria das pessoas de nossa sociedade diz que “prefere não tocar no assunto para não gerar polemica deixe como esta temos problemas de maior importância para discutir”.

      Até quando viveremos em uma sociedade dita Humana mas não aceita em seu meio outro ser Humano por ele ser “diferente”, aprendemos em sociologia uma disciplina que e base da maioria dos cursos de graduação pois trata das relações Humanas nas diversas sociedades e culturas para preparar o acadêmico para melhor compreender as pessoas a sua volta no meio profissional e em sociedade, nas discussões em sala e muito citado o sociólogo “Gilberto Freire” que diz assim como a ciência afirma todo ser Humano e único portanto todos somos “diferentes” e o que soma as nossas vidas não e o igual e sim o “diferente” pois o que deve nos unir é fazer de nos melhores pessoas e aprender com as diferenças para tornar o mundo um lugar mais igual.   
´  Oliveira, L. A. “Mate um nordestino afogado” – análise crítica de um artigo da revista época. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 11, n. 2, p. 361-376, maio/ago. 2011.
´  Patto, M. H. S. A família pobre e a escola pública: anotações sobre um desencontro. Psicologia USP, v. 3, n. ½, p. 107-121, 1992.
´  Rodrigues, M. B. Interculturalidade: por uma genealogia da discriminação. Psicologia & Sociedade, Belo Horizontes, v. 19, n. 3, p. 55-61, 2007.
´  Souza, J. (Não)reconhecimento e subcidadania, ou o que é “ser gente”? Lua Nova, São Paulo, v. 59, p. 51-74, 2003.
´  Vasconcelos, C. C. O.; Nunes, D. M. P.; Silva, M. S. Percepção do preconceito entre os migrantes nordestino no estado de São Paulo. Saúde Coletiva em Debate. Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 59-69, out, 2011. 

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