O DESAFIO DO “NORDESTINO” NO PAIS DO
PRECONCEITO.
Hoje e comum viajar para
qualquer do pais e encontrar um Nordestino que saiu de sua cidade de origem
(essas cidades em sua maioria são as mais pobres da região nordeste) por falta
de oportunidade de trabalho, essas pessoas tem como agravante ao preconceito a
baixa escolaridade e a linguagem típica do interior que e motivo de “chacota”
para os letrados em “gerúndismo” da capital, ao migrarem para as grandes
cidades trabalhão em sub empregos sendo explorados com carga horária alta e
baixos salários e como consequência vivendo em péssimas moradias e em muitos
casos marginalizados por uma sociedade hipócritas para onde migraram.
A alguns anos trabalhei
próximo a uma casa pequena onde cerca de vinte “Paraíbas”(como eram chamados
pelos vizinhos) viviam amontoados, esses trabalhadores vinham de sua cidade de
origem trazidos escondidos dentro do baú de um caminha carregado redes e tapetes
produzidos no interior do nordeste, o dono do caminhão e das mercadorias e um
nordestino que explora essa mão de obra barata e sem carteira assinada ou seja o nordestino pobre e explorado até
por um “conterrâneo” de poder aquisitivo maior que também discrimina tal nordestino
por não ser oriundo de uma grande capital do nordeste.
Os “Nordestinos” que
anualmente vem para o interior de São Paulo para trabalhar no corte da cana de açúcar
na época da safra, dados citados o artigo: “Percepção do preconceito entre os migrantes nordestinos no estado de
São Paulo”out 2011 que estudamos e debatemos salientou os inúmeros problemas
físicos causados por exaustão em numerosas horas trabalhadas pois o trabalhador
e comissionado e sabem que o valor pago e baixo então o esforço para conseguir
uma quantia de dinheiro suficiente para ajudar a família faz esse trabalhador
cometer tal nível de fadiga ao próprio corpo causando em alguns casos lesões permanentes,
atrelado a esse problema vem a discriminação por classe e etnia, em entrevista
documentada no artigo a cima citado um dos cortadores de cana diz que “as únicas
pessoas da cidade que gostam dos nordestinos são: o dono da “venda”(pequenos comércios
que vendem alimentos), o dono bar e a casa de prostituição, todos nos recebem com
um sorriso no rosto por interesse em nosso suado dinheiro” outro entrevistado
diz que mulheres mudam de lado na rua para não cruzar com nordestino na causada,
entre outras formas de discriminação sofridas. A assistente social de um posto
de saúde local relatou um numero expressivo de trabalhadores que apresentam sintomas
de depressão, estresse e distúrbios ligados a saúde mental causado por motivos
diversos mas dados as informações relatados
vemos que a discriminação contribui em grande parte para tal situação.
Ao relembrar a famosa
marchinha de carnaval “o teu cabelo não nega mulata... e como a tua cor não
pega, mulata eu quero o teu amor” na época era comum e aceitável tal preconceito,
de La para cá não ouve muito progresso ainda e possível encontrar musicas,
charges, piadas e shows de stand up
que para arrancar gargalhadas do publico detonam os já estigmatizados, gordos, gays, negros e nordestinos. Agora imagine
uma pessoa com todas essas características juntas em nosso pais com tantos preconceitos o
caminho mais fácil para tal pessoa e se isolar
e viver se sentido diminuída ou lutar para conquistar seu lugar em uma
sociedade dita de “normais”!
O filme “Madame satã”
brilhantemente interpretado pelo ator Lazaro Ramos representa bem quase todos
os “defeitos” que nossa sociedade de “normais” rejeita, Madame satã era homossexual,
negro e nordestino só faltou ser gordo e para sobreviver aliado a sua
personalidade forte era capoeirista (luta africana praticada no Brasil)
enfrentava o preconceito e a perseguição e não levava desaforo para casa. Ao pesquisar
o tema recordei-me do programa que iniciou no anos 70 e que por mais de 20 anos
esteve no ar “Os Trapalhões” onde quatro humoristas sendo um Mineiro (Zacarias),
um Paulistano (Dedé), um Cearense (Didi) e um Carioca negro (Muçum), as ditas “piadas”
sempre tinham um tom mais sempre tinham um tom mais debochado e discriminatório
para o humorista negro e o Cearense os outros eram considerados “normais” como
discutido em um seminário acadêmico que participei a maioria das pessoas de
nossa sociedade diz que “prefere não tocar no assunto para não gerar polemica
deixe como esta temos problemas de maior importância para discutir”.
Até quando viveremos em uma
sociedade dita Humana mas não aceita em seu meio outro ser Humano por ele ser “diferente”,
aprendemos em sociologia uma disciplina que e base da maioria dos cursos de
graduação pois trata das relações Humanas nas diversas sociedades e culturas
para preparar o acadêmico para melhor compreender as pessoas a sua volta no
meio profissional e em sociedade, nas discussões em sala e muito citado o sociólogo
“Gilberto Freire” que diz assim como a ciência afirma todo ser Humano e único portanto
todos somos “diferentes” e o que soma as nossas vidas não e o igual e sim o “diferente”
pois o que deve nos unir é fazer de nos melhores pessoas e aprender com as
diferenças para tornar o mundo um lugar mais igual.
´ Oliveira,
L. A. “Mate um nordestino afogado” – análise crítica de um artigo da revista
época. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 11, n. 2, p. 361-376,
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C. C. O.; Nunes, D. M. P.; Silva, M. S. Percepção do preconceito entre os
migrantes nordestino no estado de São Paulo. Saúde Coletiva em Debate.
Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 59-69, out, 2011.
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